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sexta-feira, 26 de março de 2010

Entrevista com a Chefe da EIP, Maria dos Remédios Carvalho, dos Bombeiros Voluntários de Sátão


No âmbito do Dia Mundial da Mulher, 8 de Março, a Gazeta de Sátão entrevistou a única mulher do distrito a chefiar a EIP Equipa Intervenção Permanente dos Bombeiros Voluntários de Sátão, Maria dos Remédios Carvalho.

Quais são as principais missões da EIP – Equipa de Intervenção Permanente?

As principais missões da EIP visam assegurar, em permanência, o socorro às populações, designadamente nos seguintes casos: Combate a incêndios; socorro às populações em caso de incêndios, inundações, desabamentos, abalroamentos e em todos os acidentes ou catástrofes, socorro a náufragos, socorro complementar em segunda intervenção, desencarceramento ou apoio a sinistrados no âmbito da urgência pré-hospitalar. E ainda, minimização de riscos em situações de previsão ou ocorrência de acidente grave, colaboração em outras actividades de protecção civil no âmbito do exercício das funções específicas que são cometidas aos corpos de bombeiros.

Quantas pessoas a constituem?

A EIP é constituída por cinco elementos, eu, como chefe, e mais quatro elementos do sexo masculino, dos quais, um é bombeiro de primeira classe e três de segunda classe. Dois deles têm carta de condução de veículos pesados.
Para ser elemento desta equipa será necessário ser bombeiro há pelo menos dois anos, possuir capacidade e robustez física comprovada, através da prestação de provas de aptidão para o exercício da função, possuir prioritariamente o 12ºano ou equivalente, e estar habilitado à condução de veículos prioritários.

Para que este grupo funcione são necessários recursos financeiros. Quem os suporta?

As despesas referidas são suportadas em partes iguais pela Autoridade Nacional Protecção Civil (ANPC) e pela Câmara Municipal. A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Concelho de Sátão efectua o pagamento das remunerações e das contribuições para a segurança social, bem como da taxa de segurança e higiene no trabalho.

Quais são as principais dificuldades sentidas pelo EIP?

As carências são sempre características de qualquer corporação de bombeiros. No caso concreto desta Associação, a Direcção tenta superar estas carências mercê das disponibilidades existentes. No entanto, neste momento a principal dificuldade prende-se com a falta de equipamento individual mais vocacionado para o combate a incêndios urbanos.

Quando ingressou nos B.V. de Sátão?


Ingressei nos B.V. de Sátão como Aspirante, no longínquo ano de 1989, precisamente no dia 20 de Novembro.

Desde então, quais foram as funções desempenhadas?

Em 27/3/1992 depois de ter frequentado a necessária e obrigatória escola de instrução, passei a bombeira de 3ªclasse, transitando, após os respectivos exames, para bombeira de 2.ª Classe em 26/06/1994, a 1.ª Classe em 15/06/2001, e a Sub – Chefe no dia 12/03/2006, cargo que desempenho actualmente. Ao longo deste percurso desempenhei as mais diversas funções como voluntária, ao nível de prestações de socorro em inúmeros incêndios e acidentes. Desde 01/06/2008 desempenho funções de chefe da EIP. Desde então fiz diversas formações adicionais nomeadamente, curso de chefe de equipa de combate a incêndios florestais na Lousã, curso de chefe de equipa de incêndios Urbanos e Industriais em São João da Madeira e curso de chefe de Equipa de Salvamento e Desencarceramento em Sintra.

É difícil conciliar as tarefas familiares com estas profissionais?

Sim é um bocadinho difícil porque além de ser bombeira sou mãe, sou esposa e filha, e muitas das vezes, estamos com a nossa família e temos que deixar tudo para vir socorrer os outros, não temos Páscoa, Natal nem Passagem de Ano. No entanto, a minha família compreende e é sempre gratificante poder ajudar alguém.

Sente ou sentiu alguma vez alguma forma de descriminação pelo facto de ser mulher?

Sim, no ano de 1989, ano em que ingressei nos bombeiros, poucas mulheres vinham para os bombeiros, as pessoas diziam-me que isto era para os homens, que as mulheres deviam ficar em casa a cuidar dos filhos. No entanto, eu fui ficando, apesar de muitas das bombeiras que entraram comigo terem desistido, talvez para isso tivesse contribuído o gosto que tenho pelos bombeiros e, também, o facto do meu marido ser bombeiro.
Hoje em dia a sociedade aceita melhor, pois as mulheres desempenham qualquer função e o trabalho que desenvolvem é rigorosamente idêntico ao dos homens.

Que sugestões/conselhos gostaria de deixar às jovens do concelho?

Eu diria para se inscreverem nos Bombeiros Voluntários do Concelho de Sátão, pois, cada vez mais há falta de pessoas interessadas no serviço voluntário que e o que no fundo se trata. Mas é uma pena porque o voluntariado é algo muito positivo, é muito bom ajudar quem precisa, poder dar um pouco de nós aos outros. O futuro da nossa sociedade está nos jovens e são eles que têm a responsabilidade de fazer com que ele seja bom ou mau.


Fonte: Gazeta de Sátão

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