Não deixou, no entanto, de referir "a existência de duas equipas de sapadores, no âmbito do Plano Operacional Municipal" que, "apesar de tudo, continua a ser insuficiente", segundo apontou, embora os alertas feitos a quem de direito.
"Assim, temos que nos socorrer do voluntariado quando a sirene tocar", apontou Fernando Farreca, preocupado com "a existência de faltas de recursos, quer humanos, quer materiais".
A começar pelo parque de viaturas, o comandante dos Bombeiros Voluntários de Oliveira de Frades, diz que "ele está muito degradado", dando um exemplo: "Ainda não há muito tempo, mandámos arranjar uma viatura com 25 anos, conserto esse que nos custou 50 mil euros". "E tudo isso realizado com dinheiros próprios, do concelho e da população, através de um peditório que rendeu sete mil euros", apontou, sublinhando que, "não fora isso, não teria verbas para fazer nada, porque zero tem sido a comparticipação do Estado".
E diz a terminar: "Não me lembro quando é que o Estado comparticipou com uma verba, há tanto tempo isso já aconteceu.
Falta equipamento
Não tão acutilante como o seu colega, Horácio Alves, comandante dos Bombeiros Voluntários de Viseu (BVV) falou das Equipas de Intervenção Permanente, que "possuem algumas falhas ao nível do fardamento". O líder do corpo activo, não foi, contudo, por aí, nas suas declarações.
A conversa incidiu no modo como intervêm as Equipas de Intervenção Permanente. "Perante o alerta, deslocam-se ao local e dizem qual é o ponto de situação ao Centro Distrital de Operações de Socorro, que logo fica a saber se é preciso mandar mais viaturas e bombeiros", esclareceu.
Sobre a falta de material, salientou que "os bombeiros necessitam de fardamento adequado para fogos urbanos e florestais", exemplificando: "O ano passado, o Estado optou por nos fornecer capacetes."
Não querendo falar muito do défice de material, o comandante Horácio Alves referiu que "em média, deslocam-se 15 homens e três viaturas aos incêndios", que costumam dar conta da situação. "Só em casos mais complicados é que o CDOS reforça, com mais meios terrestres e aéreos", explicou.
Exemplo Mortágua
No controlo rápido dos incêndios florestais, o concelho de Mortágua tem sido dado como exemplar. O comandante dos Bombeiros Voluntários locais, Joaquim Gaspar disse "não haver segredos". Desde logo apontou que a corporação possui também uma Equipa de Intervenção Permanente e outra de Combate a Incêndios. "A primeira tem um horário de trabalho durante todo o ano, enquanto a outra entra em acção na 'Fase Bravo', 'Fase Charlie' e 'Fase Delta', explicou.
Joaquim Gaspar realçou, por outro lado, que o modo de acção dos Bombeiros Voluntários de Mortágua é muito simples: "Quando há alerta de fogo em Mortágua, enviamos logo para o local 30, 40 ou 60 homens, apoiados pelas respectivas viaturas. Depois, se forem demais, mandamos os excedentes de volta ao quartel".
Especificou que "é assim que se tem conseguido um nível muito baixo de área ardida". Mas isso "depende também das condições atmosféricas", referindo que "o vento é o elemento que maiores problemas levanta", uma vez que "maior parte da área florestal é constituída por eucaliptos, cujas folhas são muito leves e geram metanol e vão parar longe do local de partida".
Mas há mais para que Mortágua seja apontado como um concelho exemplar nesta matéria. A Câmara tem motas e viaturas em patrulhamento permanente, além dos meios da Portucel, com os grupos AFOCELCA, que apoiam o combate a incêndios florestais. Por fim, o comandante dos Bombeiros Voluntários de Mortágua destacou "o envolvimento da população no apoio ao combate e rescaldo de incêndios", revelando que "cada freguesia tem os seus meios de intervenção, baseados em pontos de água.
O Diário de Viseu tentou fazer um ponto da situação com Rebelo Marinho, presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Viseu, mas tal revelou-se impossível até ao fecho desta edição.
GFonte: Diário de Viseu
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